Atendo muitas gestantes no meu consultório, principalmente por quadro de humor depressivo ou de ansiedade. Uma das grandes dúvidas é em relação à segurança dos psicotrópicos para o bebê quando são indicados para a mãe. Lembrando que toda gestante que estiver vivenciando sinais ou sintomas psíquicos intensos em quaisquer fases da gestação deve procurar o médico especialista que é o psiquiatra. Além disso, história prévia ou familiar de transtornos psíquicos pode aumentar o risco de reagudização dos sintomas nessa fase ou de depressão pós-parto; portanto, procurar o psiquiatra torna-se muitas vezes imprescindível.
Quando necessárias, bem indicadas e conduzidas, as medicações podem salvar o bebê, a gestante e o vínculo entre eles. Os prejuízos causados pela doença quando se espera remissão espontânea, sem avaliação ou tratamento adequado, podem ser devastadores para ambos. As doenças mentais, além de alterações comportamentais e emocionais, podem cursar com alterações cerebrais e isso repercute de forma negativa em todos os sistemas do corpo da mãe e consequentemente para o bebê.
Fatores inflamatórios e hormônios do estresse, como o cortisol, a adrenalina e a noradrenalina são liberados, podendo causar prematuridade, aumento do peso, restrição do crescimento intrauterino e do bebê, partos prematuros, cesárias, pré-eclâmpsia, hipoglicemia do recém-nascido, trabalho de parto prematuro, problemas na amamentação entre outros. Além disso, prejudica o vínculo da mãe com o bebê, podendo assim repercutir negativamente na vida adulta.
A estrutura emocional do bebê começa a se desenvolver na sua vida intrauterina. Existem sim evidências de que alguns psicotrópicos podem causar prejuízos para o desenvolvimento do bebê, mas outros são bastante seguros para serem utilizados nessa fase. Não se pode generalizar, afirmando que todos os fármacos utilizados para tratar transtornos psiquiátricos são maléficos para o bebê durante a gestação da mesma forma que nem toda gestante com sintomas psíquicos tem indicação para utilizá-los.
Infelizmente percebo muitas prescrições desnecessárias e muitas vezes até arriscadas vindas de profissionais não especialistas, por isso a importância de procurar o psiquiatra, aliás existem psiquiatras perinatais. Percebo que muitas vezes os medos das gestantes em relação ao tratamento psiquiátrico farmacológico ocorrem por preconceitos e falta de informação; portanto, a psicoeducação é extremamente importante. A gestação é uma fase de descobertas positivas, mas também podem ser de revivências negativas da infância, de amadurecimento e evolução na sua concepção mais ampla. Pode ser libertador ou avassalador. Procurar ajuda multidisciplinar em saúde mental é imprescindível para tratar transtornos mentais na gestação. Psiquiatras, obstetras, pediatras e psicólogos juntos, tratando mãe e bebê de forma integrada.
Por
Dra. Vanessa Adegas Menin
Psiquiatria e psicoterapia – CRM 22011 RQE 12908
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