A MODA EM UM MUNDO PÓS-PANDEMIA

Pode-se dizer que esse momento pandemia/pós-pandemia em que o mundo está vivendo prejudicou os grandes desfiles, lançamento de coleções e a criatividade dos estilistas. Mas tempos sombrios para uns não tirou a vontade de outros de continuar investindo na moda.

Como as grandes marcas, que deram seu jeito de continuar inovando e criando, as pessoas se reinventam para continuar na moda e passar esse período no melhor estilo possível.

Muitas apostaram em um look comfort no início, mas logo depois surgiu aquela necessidade interior de se produzir, seja uma pequena maquiagem ou uma superprodução, tudo estava valendo para levantar o astral em meio a tanta notícia ruim.

Só que com as lojas fechadas na maior parte do mundo, quem não tinha o costume de adquirir produtos por e-commerce, viu-se diante de um computador e descobrindo novos meios de compras.

Quando falamos de produtos de moda, estudos da Harvard Business Review revelam que a pandemia está reescrevendo as regras do varejo e seguindo um rumo diferente, haven- do aumento significativo nas vendas por e-commerce no mundo.

Esse “novo” modo de aquisição já era um planejamento de grandes e pequenas empresas; entretanto, grande parte foi pega desprevenida e teve que desenvolver uma plataforma de e-commerce às pressas, aumentando também os investimentos com marketing digital, que hoje é o cartão de visita de muitas empresas.

Tudo indica que, após esse período, grande parte dos clientes passará mais tempo nas lojas virtuais, procurando produtos antes de ir a qualquer loja. As empresas de varejo precisam focar na interface com o cliente, aprimorando seus sites para que nele conste uma quantidade de informação necessária que faça o consumidor imaginar o produto sem mesmo sair de casa.

Mas uma palavra que define bem o futuro na moda é a sustentabilidade. Talvez esse momento de pandemia possa ajudar a empurrar a indústria para um futuro mais ecofriendly e tecnologicamente inovador.

A enorme quantidade de danos que a indústria está causando ao meio ambiente, com altas concentrações de corantes e produtos químicos sendo despejados diariamente em rios e lagos, tem sido motivo de grande preocupação mundial nos últimos anos — fato que tem se agravado após o crescimento das empresas de fast-fashion como Zara e H&M. Algumas marcas têm dado o primeiro passo, mesmo que de forma humilde, indicando quais peças foram feitas a partir de material reciclado/reutilizado ou até mesmo separando coleções inteiras com este apelo, como é o caso da marca nacional Reserva.

Um ciclo de vida dos produtos é muito importante para o fundador da Reserva. Em parceria com a Rhodia, o grupo desenvolveu um tecido que se decompõe em três anos, além de contar com projetos sociais que leva roupas que seriam incineradas para o Morro da Man- gueira no Rio de Janeiro.

Muito provavelmente, marcas de moda criarão menos coleções nos próximos anos. Talvez o futuro da indústria da moda seja mais regional do que imaginamos, investindo na fabricação local, gerando novos empregos, ou talvez o futuro venha de uma maior conscientização dos consumidores, apostando na chamada slow-fashion (moda lenta).

RETOMADA

Foto 1: Filas para respeitar a quantidade máxima de pessoas dentro do estabelecimento. Foto 2: Medição da temperatura de todos os clientes e funcionários. Foto 3: Funcionários exercendo sua função, usando máscara e luvas.

Apesar de uma estimativa do jornal “WWD – Breaking News & Analysis” de que pelo menos 20% das lojas que fecharam por causa da Covid-19 nunca mais serão abertas, ainda existem as que conseguiram reabrir e retornar ao funcionamento.

Aqui na Itália já vemos que existe um grande público que ainda faz questão de ir aos estabelecimentos sentir o tecido, ver o caimento e poder olhar a real cor da peça nesse período “pós- pandemia”. Após o período de lockdown de aproximadamente 90 dias, muitas lojas tiveram filas de clientes esperando para entrar em virtude da capacidade máxima ser reduzida a 50% em todas as lojas,

Claro que essa abertura só foi possível em virtude da curva de contágios estar em um declínio constante e das medidas necessárias implementadas pelo go- verno e pelos proprietários dos estabelecimentos. A higienização das mãos, máscara e luvas são as regras básicas para qualquer cidadão poder frequentar espaços fechados, mas a grande dúvida mesmo era como liberar os clientes para fazer a prova das roupas. Em algumas lojas, a prova não foi liberada de imediato, mas depois de um tempo, a solução tomada foi higienizar todas as roupas usa- das nas provas e deixá-las pelo menos um dia sem uso, tudo pensando na segurança do cliente.

Esse vírus não apenas destruiu a economia, como também causou um grande impacto na vida financeira de muitas pessoas, que agora não podem comprar nada devido à perda de renda durante o bloqueio.

Uma saída para essas pessoas é aquela palavra que já havia comentado, sustentabilidade, e junto com ela a versatilidade, reinventando o guarda-roupa, mixando peças já existentes. O Instagram e blogs de moda são plataformas dirigidas e diariamente alimentadas por criadoras de conteúdos digitais com temas voltados a reinventar looks.

Algumas dessas ideias são as de “1 peça, 3 looks” ou mesmo ajudando a estilizar peças básicas. Essas dicas são simples, mas ao mesmo tempo muito úteis para quem teve um impacto na vida financeira em meio à pandemia.

Criadora de conteúdo, Camila Coelho mostra para suas seguidoras, de forma criativa, como versatilizar o guarda-roupa em vídeos no Instagram.

Por

Mariana M. D. Toledo

Estudante da Academia de Belas Artes de Trento (Itália) e estilista e pesquisadora de tendências por profissão.

Divido minha paixão pela moda com outra superpaixão que são minhas filhas e marido. Vivo intensamente cada dia, desfrutando do melhor e dos desafios que a Itália tem a me oferecer.

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