
Cicatrizes psicológicas são decorrentes de situações impactantes que ocorrem em nossas vidas, tais como: uma doença severa, crises econômico-financeiras, perdas afetivas e outros eventos, como o que estamos vivenciando com a aterrorizante Covid-19. É no sofrimento que muitas vezes descobrimos a nossa capacidade de resiliência. Cecilia Meireles pontua: “Aprendi
com a primavera deixar-me cortar e voltar sempre inteira”.
Isso me leva a refletir sobre uma antiga lenda Zen budista, “As 7 verdades do bambu”. Destaco a primeira lição desta planta, que é: “Se curva, mas não quebra”. Quantas vezes acreditamos que estamos vergando e que só sobrarão os cacos, mas, para nossa surpresa, nos reerguemos, prova que nossas raízes são fortes e sobrepujamos a dor. Descobrimos também a importância
de sermos flexíveis e menos duros com nós mesmos, pois o aprendizado se faz pela curvatura, quando temos que olhar para dentro de nós mesmos. Sentir o gosto amargo do medo de fragmentar e, com humildade compreendermos que a fragilidade pode ser só aparente se, na sabedoria do vazio, encontrarmos o eco dos nossos desejos de superações.
Mergulhamos em nossos avessos, nos quais estavam estampadas as nossas vulnerabilidades, e conferimos que não despedaçamos, pois, segundo Nietzsche, “o que não me faz morrer me torna mais forte”. Certamente estamos mais fortalecidos; portanto, teremos melhor competência para reprocessarmos nossas cicatrizes psicológicas. Descobrimos que a potência de nossa força interior está sustentada na crença de que somos capazes e na intensidade do amor que nutrimos por nós mesmos e pelo outro.
Claudete de Morais
CRP 12/01167
Doutoranda em Psicologia Clínica
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