
Lara (nome fictício da paciente) queixava-se de insônia, dificuldades nos relacionamentos amorosos, medo de sofrer. O barulho de um motor que era ligado à noite em seu prédio não a deixava dormir.
Utilizando a abordagem EMDR, Lara acessou várias memórias traumáticas neste processo psicoterapêutico. Aos cinco anos de idade, estava dormindo na casa de seus avós e acordou gritando que tinha um porco debaixo da cama. Ela dormia com a avó e, na cama ao lado, o avô roncava muito. Sua avó pontuou que o barulho era o ronco do avô, que mais parecia o ronco de um porco. Aos quatro anos sofreu outro trauma. Aos prantos, ela relatou: “Estava assistindo ao abate dos porcos na casa do meu avô. Eles grunhiam horrivelmente, pois estavam com muito medo de morrer. Eu sentia um pavor intenso”.
Os traumas psicológicos vivenciados em sua infância foram os geradores de ansiedade elevada, autoestima rebaixada, medo de sofrer. O barulho do motor era o disparador que ativava a carga emocional retida em seu cérebro, referente à memória dos abates dos suínos, Segundo Shapiro (2007), a informação obtida no momento do evento traumático é mantida neurologicamente em seu estado perturbador. As memórias de padecimentos podem ficar armazenadas no cérebro numa rede isolada de memória, o que impede que suceda a aprendizagem. O processamento por EMDR pode possibilitar que as duas redes se liguem, permitindo que novas informações venham à mente e diluam os velhos problemas.
Lara finalmente ultrapassou suas dificuldades; o barulho do motor não a importunou mais, superou suas inseguranças, venceu o medo de viver, sofrer, amar e passou a permitir-se a ter um relacionamento saudável e feliz.
Por Claudete de Morais
CRP 12/01167
Doutoranda em Psicologia Clínica
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