Município catarinense já recebeu etapas da competição outras três vezes e expectativa é atrair meio milhão de pessoas

Velejadores que participam da regata mais difícil do mundo, a The Ocean Race, devem chegar a Santa Catarina no início do mês de abril, partindo de Cape Town (Cidade do Cabo), na África do Sul, percorrendo os oceanos na etapa mais longa na história da competição, 12,75 mil milhas náuticas. Enquanto isso, o município de Itajaí, que vai receber as embarcações, monta a estrutura e se prepara para a edição deste ano da Fórmula 1 dos Mares.
A Vila da Regata, no Centreventos de Itajaí, será aberta no dia 29 de março e fica disponível até 23 de abril, quando os barcos partem de Itajaí para Newport, nos Estados Unidos. As embarcações estão em navegação, vindo de Cape Town, desde 26 de fevereiro. A expectativa de chegada dos desbravadores é entre os dias 1º e 2 de abril, mas ventos ou problemas técnicos podem mudar as condições dos mares e o tempo necessário para percorrê-los.
O secretário de Desenvolvimento Econômico de Itajaí, Thiago Morastoni, que passou a responder também pela Secretaria de Turismo e Eventos, avalia que a expectativa é muito grande, tanto por parte do município quanto da organização local e internacional, visitantes e participantes do evento. Essa é a quarta vez que a cidade recebe uma “perna” da prova, o que já ocorreu nos anos de 2012, 2015 e 2018.
— A Ocean Race se consolida na agenda das atividades da cidade. É uma soma de expertises ao longo dessas execuções. A expectativa que nós temos é de que a etapa seja ainda melhor do que a de 2018, com uma estrutura melhor, mais organizada. Sem sombra de dúvidas, será um grande evento — afirma.
Vila da Regata
Com alta complexidade, exigências e compromissos, Itajaí iniciou a fase de montagem da Ocean Live Park, a Vila da Regata brasileira, com preparação da parte interna e externa, onde vão estar os barcos, pavilhões gastronômicos e temáticos do evento. Hoje, em torno de 40 pessoas trabalham na montagem da estrutura, número que deve aumentar de forma gradativa, segundo o secretário, conforme o andamento e proximidade do prazo.
O momento é de execução na montagem da parte estrutural metálica, fiação elétrica, cabeamento de internet, tubulação de água e esgoto. De acordo com o secretário, o cronograma ocorreu dentro da normalidade, com o cumprimento dentro do prazo estipulado para a parte estrutural.
— Nas edições anteriores, havia uma vinda muito grande de equipamentos para montagem do evento, direto da Ocean Race internacional. Para esse ano, houve um entendimento para alugar essas estruturas necessárias nos locais onde tem parada. Ainda vem uma parte significativa de itens do exterior para cá, mas outra parcela passa a ser locada na região, movimentando fornecedores e a economia de uma forma geral, um diferencial que acaba tendo um impacto muito positivo no fomento do desenvolvimento local e regional — avalia o secretário.
Destaque para a economia local
A expectativa do município é de que o público para acompanhar a prova supere em 25% o número registrado em 2018, alcançando meio milhão de pessoas, o que impulsiona a economia de Itajaí como um todo.
Na última edição, a movimentação foi estimada em R$ 83 milhões. Para este ano, a meta é passar de R$ 100 milhões, com alta no consumo em restaurantes, comércio e estadias em hotéis e outros estabelecimentos.
Segundo o secretário, a economia do mar entra em evidência a partir do momento em que a cidade recebe uma competição náutica de altíssimo nível, com foco nas atividades realizadas nos oceanos. Para Morastoni, esse evento fortalece e consolida as características da economia de Itajaí, com atividade portuária, pesqueira e construção naval.
— Temos o maior número de embarcações de pesca, de indústrias de processamento de pescado. Nosso complexo portuário é o segundo maior do país. Quando falamos da construção naval, falamos de anos e anos de desenvolvimento de uma indústria que passou por várias fases, desde a construção de barcos de madeira, plataformas offshore para Petrobras, e estamos na fase da construção naval de lazer. De cada 10 barcos de lazer produzidos no Brasil, 7 saem de Itajaí. Além disso, estamos construindo 4 fragatas para a Marinha do Brasil — completa.
Entenda o trajeto
A Ocean Race é a mais antiga e conhecida regata em torno do mundo. Ao todo, os barcos visitarão nove cidades, em 60 mil km de corrida. Pela primeira vez, a corrida vai começar e terminar no Mediterrâneo. A maior regata transoceânica do mundo começou as atividades da edição 2023 na cidade de Alicante, na Espanha, com partida no dia 15 de janeiro, até Cabo Verde, no continente africano.
A segunda etapa saiu de Cabo Verde no dia 25 de janeiro, até a Cidade do Cabo, na África do Sul, com 4,6 mil milhas náuticas. O veleiro Holcim– PRB, da Suíça, venceu as duas etapas. Após a saída da Cidade do Cabo em 26 de fevereiro, a chegada a Itajaí deve ocorrer no início de abril. Os competidores deixam o município catarinense no dia 23 de abril, com previsão de chegada em Newport, nos Estados Unidos, em 10 de maio. Os velejadores ainda passarão por Aarhus, na Dinamarca, Kiel, na Alemanha, Haia, na Holanda, com partida para Gênova, na Itália, no dia 25 de junho e projeção de chegada em 1º de julho.
Barcos mais velozes
A edição deste ano incluiu uma nova classe de barcos voadores movidos a energia renovável, conhecidos como IMOCA 60s. Esses barcos são equipados com hidrofólios, que permitem que eles se elevem sobre a água, reduzindo a resistência e aumentando a velocidade.